“Foram o segundo e o terceiro piores dias da minha vida”, afirma pai da modelo Isadora após condenação do ex-namorado da filha por feminicídio

Em entrevista exclusiva ao Diário, o dentista Rogério Froner, pai da modelo santa-mariense Isadora Vianna Costa, 22 anos, relatou como foram os dois dias de julgamento em que o ex-namorado da filha, Paulo Odilon Xisto Filho, 36 anos, foi condenado a 12 anos de prisão pelo crime de feminicídio. O júri aconteceu na semana passada, em Imbituba, litoral de Santa Catarina.

– Dizer como foram aqueles dois dias de julgamento é uma coisa muito difícil. Foi o segundo e o terceiro piores dias da minha vida. O primeiro foi quando recebi a notícia da morte da minha menina. O julgamento foi duro porque, em casos como esse, a vítima acaba sendo massacrada pela defesa, como se tivesse culpa pelo crime. Isso é muito doloroso – conta Froner.

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Ele acompanhou o júri ao lado da esposa, Cibelle Viana, e da filha Mariana, irmã gêmea de Isadora. Segundo Froner, o apoio das pessoas próximas foi essencial para enfrentar o que chamou de “um teatro de horrores”.

– Cada um tem a sua dor. Minha esposa foi testemunha, minha filha também esteve lá. Só não conseguiu assistir ao depoimento do réu. Foi muito difícil ouvir as tentativas de culpar minha filha, mas saímos com o sentimento de que a justiça foi feita, mesmo que tenha levado sete anos – afirma.

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Defesa vai recorrer

A defesa de Paulo Odilon, representada pelo advogado Aury Lopes Jr., anunciou que vai recorrer da condenação. O defensor diz que a decisão do júri será questionada no Tribunal de Justiça de Santa Catarina e, se necessário, em instâncias superiores.

– Embora respeite a decisão do Conselho de Sentença, manifestamos discordância e apresentaremos recurso. Paulo foi absolvido da acusação de fraude processual, bem como das qualificadoras de motivo fútil e de impedimento da defesa da vítima. Ele nega veementemente a prática do crime e manterá essa posição – afirma o advogado.

A defesa sustentou que o laudo pericial apontou a presença de uma quantidade de cocaína muito acima do limite suportado pelo organismo humano no corpo de Isadora, e que não teriam sido identificadas fraturas ou lesões compatíveis com agressões físicas. Para os advogados, esses elementos reforçam a tese de que o réu não foi responsável pela morte da modelo.

Acusação busca aumento da pena

Do outro lado, a acusação também pretende recorrer. Rogério Froner confirmou que a família e o Ministério Público ria já ingressaram com recurso para aumentar a pena.

– Ele (Paulo Odilon) vai cumprir a pena dele. Não temos medo de recurso. Ao contrário, nossa esperança é de que a promotoria e nossa advogada consigam aumentar a pena. Quanto mais tempo ele ficar afastado da sociedade, mais seguro é para todos e mais preservada fica a memória da minha filha – diz o pai.

Paulo Odilon cumpre a pena em regime fechado no Presídio de Imbituba. Além da prisão, a juíza Luisa Rinaldi Silvestri determinou a perda do cargo público de oficial de cartório.